Diz chamar-se Liratov. E é assim que quer que lhe chamem. É ele o autor das famosas esculturas em azulejo espalhadas pelas paredes de grande parte do distrito de Viana do Castelo.
São tantas e por toda a parte que já há quem o chame de Banksy do Alto Minho, comparando-o já ao mundialmente famoso artista de rua britânico.
“Sinto-me muito honrado ao compararem-me com Banksy. Mas considero-me só o Liratov do Alto Minho”, disse-nos o artista ao telefone. Sem rosto. Apenas a voz.
Tudo começou há uns meses, quando a pandemia da COVID-19 acalmou. O artista, cuja especialidade são trabalhos em azulejo, saiu às ruas da vila de onde é natural: Monção. Começam a aparecer os primeiros trabalhos nas paredes.
Um dragão aqui… um gato ali… um rato acolá… uma figura humana junto a cafés…
A Coca de Monção, de Liratov
[Fotografia: Instagram Liratov]
No início poucos ligaram. Mas trabalhos do género começaram a aparecer noutros concelhos nomeadamente Valença, Vila Nova de Cerveira, Viana do Castelo e Caminha.
“O grande objetivo é introduzir a arte urbana no Alto Minho. Sinto-me um pioneiro”, diz-nos Liratov em tom calmo do outro lado da linha. “Vou a lojas e utilizo as sobras de azulejos que vou arranjando”, explicou.
Visto pela GNR
Questionado se já foi alguma vez visto ou apanhado, o artista teve resposta pronta. “Uma vez a GNR passou por mim e viu-me a colar azulejos na parede. Como não disseram nada, lá continuei”, contou com uma gargalhada.
Geralmente, coloca as peças ao amanhecer. Mas já fez outras em plena luz do dia.
Veja a nossa galeria de fotos de alguns dos trabalhos de Liratov espalhados pelo Alto Minho
Cada peça com a sua mensagem
“Todas têm a sua mensagem. Em Monção, por exemplo, existe um avião a largar bombas perto do parque de estacionamento da Cova do Cão. Aí estou a referir-me ao flagelo da guerra”, explicou.
Na Quinta da Oliveira, também naquele concelho, é possível ver-se um cozinheiro. Está próximo a duas casas de restauração.
Um cozinheiro de Liratov na Quinta da Oliveira, em Monção
[Fotografia: Rádio Vale do Minho]
Não tem facebook, mas tem Instagram [clique para abrir] onde já conta com mais de meio milhar de seguidores. “Tudo sempre feito com sobras por forma a reutilizar materiais. Considero-me um ambientalista”, disse-nos.
Parar está fora de questão. Sempre que pode, Liratov lá sai de casa para colocar mais uma peça por aí.
“Estou até a pensar sair das fronteiras do Alto Minho. Ou para baixo, para a zona do Cávado… ou então para a Galiza”, revelou o artista que já diz ter vários projetos para colocar na estrada… ou na berma dela, mais concretamente falando.
Entretanto, é andar por aí. Ao virar de cada rua… de cada esquina… pode sempre aparecer um Liratov.
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