Chama-se Margarida Machado. Tem 92 anos. É natural de Odemira, mas reside em Valença há 56 anos.
Esta quinta-feira apresentou, na Feira do Livro a decorrer naquele concelho, o seu livro de poesia intitulado De São Teotónio a Valença – Uma vida Cheia de Histórias.
Este “São Teotónio” trata-se do nome da vila de onde Margarida é natural, em Odemira. Quis o destino que encontrasse a sua cara-metade numa terra que tem aquele Santo como padroeiro: Valença.
“Estou feliz. Fui sempre muito feliz”, disse a escritora, mais conhecida por Bia Machadinho, visivelmente emocionada aos microfones da Rádio Vale do Minho, no final da apresentação.
Durante a cerimónia, que contou com a presença do Presidente e da Vice-Presidente da Câmara, José Manuel Carpinteira e Ana Paula Xavier, foram lidos vários poemas que fazem parte da obra.
[crédito fotografia: Rádio Vale do Minho]
[crédito fotografia: Rádio Vale do Minho]
[crédito fotografia: Rádio Vale do Minho]
Muitos aplausos por parte das dezenas de pessoas que assistiram à apresentação de uma obra de edição muito limitada, a rondar cerca de meia centena de exemplares.
Deu ‘nega’ à PIDE
Margarida Machado teve uma infância difícil. Com apenas três anos viu falecer-lhe a mãe. Foi abandonada pelo pai e criada por uma tia.
Aos 15 anos completou o ensino primário. Porém, com tanto brilho que demonstrava foi convidada a lecionar primária logo no ano letivo seguinte. Aceitou.
O Estado Novo, liderado por António de Oliveira Salazar, estava de olho no talento da jovem.
Tanto assim era que foi convidada a fazer parte dos quadros da PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado) e rumar a África.
Desta vez, a jovem teve a ousadia de não aceitar. Uma opção arriscada, mas não sofreu consequências.
A vida continuou e Margarida Machado exerceu as funções de telefonista durante várias décadas. Veio para Valença. Nunca tirou qualquer curso superior.
“Adora escrever. Este sempre à frente do seu tempo. Ainda hoje faz publicações no facebook. Fala com os amigos nas redes sociais”, disse um dos filhos da escritora à Rádio Vale do Minho.
“Para além deste tem mais três livros. Nunca foram publicados… e ainda tem material para mais três”, contou.
Questionado sobre a lucidez e cultura excecional da mãe, o filho teve resposta pronta.
“Todas as semanas compra um livro. Auto instrui-se”, concluiu.
A Feira do Livro de Valença está a decorrer, até ao próximo dia 28 de abril, no Jardim Municipal.
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