PUBLICIDADE
3
AVANÇAR

Menu

+

0

0

Alto Minho

Veio ao Alto Minho estudar isto. Fez a melhor tese de mestrado em Arqueologia do País

25 Abril, 2025 - 08:13

535

0

Inventariou no Alto Minho 43 superfícies rochosas, com 126 equídeos gravados.

Chama-se Luís Coutinho. É de Guimarães. No próximo domingo vai receber o Prémio Eduardo da Cunha Serrão, como autor da melhor tese nacional de mestrado em Arqueologia em 2024.

 

A cerimónia vai acontecer no Museu Arqueológico do Carmo, em Lisboa.

 

O galardão vai ser entregue por José Arnaud, presidente da Associação dos Arqueólogos Portugueses, a promotora da 10ª edição desta iniciativa, que tem o nome de um saudoso arqueólogo português.

 

Luís Coutinho tem direito a ver o seu trabalho, Equídeos gravados entre os rios Minho e Âncora, Noroeste de Portugal. Da inventariação, ao estudo e interpretação, publicado em livro em breve.

 

O seu estudo aborda a arte rupestre, um património pouco investigado e afetado por incêndios e pela ação humana, mas que constitui um recurso arqueológico relevante, podendo por exemplo integrar rotas culturais.

 

O autor inventariou no Alto Minho 43 superfícies rochosas, com 126 equídeos gravados no total, que foram alvo de análise fotogramétrica, de modo a preservar os vestígios originais e as suas mensagens.

 

Aqueles locais foram santuários das populações de finais do terceiro ao primeiro milénios antes de Cristo (Idades do Bronze e do Ferro).

 

Ou seja, ali celebravam ou evocavam divindades ou documentavam narrativas ligadas ao seu mundo social e ideológico.

 

 

 

 

 

Segundo Luís Coutinho, os equídeos surgem gravados nas formas esquemática ou sub-naturalista e com uma fisionomia similar à espécie selvagem extinta zebro (Equus hydruntinus), que também habitou a Europa Ocidental e Central.

 

Por outro lado, verificou-se que as representações de cenas quotidianas dos equídeos são mais antigas do que as representações de equídeos montados por cavaleiros (alguns com rédeas e armas de arremesso), sendo estas do primeiro milénio a.C., quando a equitação surgia na região ibérica.

 

A simbologia dos lugares identificados pode diferenciar-se pela cronologia e pela gramática figurativa gravada.

 

“Pode ser a valorização dos atributos dos equídeos em si, a sua associação a formas circulares remetendo para ideologias do Atlântico Norte que veneravam o cavalo solar ou, no caso dos cavaleiros e armas, demonstra a importância do equídeo como animal de monta, elemento de caça ou eventualmente sacrificial”, justifica o autor.

 

Luís Manuel Coutinho nasceu em Guimarães, em 1970. Fez a licenciatura e o mestrado em Arqueologia pela Universidade do Minho, onde trabalha agora como técnico da Unidade de Arqueologia (UAUM).

 

É coautor de várias publicações e tem apresentado comunicações e posters em eventos científicos e culturais para o grande público.

 

A formação em Arqueologia oferecida pelo Departamento de História do Instituto de Ciências Sociais da UMinho tem-se afirmado pelo perfil teórico-prático sólido nos domínios da recuperação, análise e interpretação do registo arqueológico, bem como das novas tecnologias aplicadas à investigação.

 

Os trabalhos de pós-graduação dos estudantes incidem em especial no Centro-Norte e Norte de Portugal, desde a Pré-História à Idade Moderna, contribuindo para o conhecimento, desenvolvimento e proteção do património arqueológico a nível local, regional e nacional.

 

 

[crédito fotografia capa: Universidade do Minho]

Últimas